terça-feira, 7 de junho de 2011

Após ter visto o show de Elvis Presley, por aqui passei a ouvir a eterna indagação difícil de responder:

    - “Maurício, o que você sentiu ao ver Elvis ao vivo?”.

    Acho que o que escrevi no livro pode responder à pergunta, embora tenhamos que se levar em conta que tudo aconteceu na década de 1970, quando uma viagem para um país que então estava anos de tecnologia à nossa frente por si só já era um sonho. Sem contar o exorbitante depósito compulsório que pagávamos ao nosso implacável governo para se viajar ao exterior. Naqueles anos dourados de finesse ainda não desviávamos de gente dormindo no chão de aeroportos lotados, verdadeiras rodoviárias, não se subia num avião de chinelo e bermuda, ouvindo não sei o que em fones de ouvido, com uma mochila cheia nas costas, ocupando espaço e parecendo mais um quasímodo, para depois, já a bordo de uma deconfortável aeronave, bater de frente com turistas equilibrando berimbaus e aceitar uma barra de cereais light como refeição. Ainda não éramos transportados como gado. E ao desembarcarmos, a bagagem estava imediatamente à disposição para não ficarmos esperando como idiotas em frente à esteiras, tendo como única paisagem uma fila interminável de mulheres constrangidas tentando utilizar o único e contaminado sanitário feminino. Existia sim, naqueles anos, o glamour, a classe, o cardápio irrecusável e a elegância das viagens aéreas de longo curso. E depois, quando se chegava à terra encantada com disneylandias etc, o cérebro já congestionado era assaltado por informações e novidades que por aqui só chegariam muito tempo depois.   O outro sonho realizado, o de estar hoje tocando rock com ótimos intérpretes e covers, prova que Shakespeare não estava sendo metafórico quando Próspero disse: “Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos”.

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