segunda-feira, 11 de julho de 2011

VIDA DE MÚSICO 3

Essa não posso deixar de relembrar. Aconteceu já há alguns anos. Um fulano lá de Alphaville, região nobre nas cercanias de São Paulo, apreciador da nossa banda de jazz, nos contratou para uma apresentação ao vivo em sua casa, aniversário de sua esposa Claudette. Uma vez que a aniversariante adorava Elvis Presley e nem sabia o que era jazz, convidamos o cantor Alvinho do American Graffiti para um show/surpresa no transcorrer do evento. O Alvinho com sua jaqueta dourada e calça de couro negro, fisicamente lembrava o Elvis. Seu único porém era a displicência no palco, contrastando totalmente com o Marcelo Torres, líder da banda de jazz e responsável pelo bom andamento da parte musical. O Marcelo é notório pela sua observância no timing dos shows, nos detalhes visuais dos músicos, tipo sapatos imaculadamente engraxados, nós das gravatas, trajes, penteados, barba. Quantas não foram as vezes em que me chamou a atenção só porque eu estava de terno preto e meias azuis. Sua maior preocupação residia no timing dos intervalos entre uma música e outra, nas piadas, para não interferir nos aplausos da platéia etc. E veio o momento da surpresa para a aniversariante Claudette. A iluminação foi diminuída, ela ficou frente ao palco de olhos vendados e... ““♪well,well,well.well,well,well.well...One for the money, two for the show…♪”, o Alvinho jorrou “Blue Swede Shoes”, enquanto a venda era retirada dos olhos da estupefata aniversariante. Os aplausos inundaram a sala no final da música e o Marcelo desesperado, falando entre os dentes para o Alvinho que nesta altura já devaneava em meio às palmas:
   -“ Vai meu, vai, não demora!”

    E o Alvinho nada

   - “Vai, Álvaro, demorou pô!”

   E o Alvinho:

   - O que você quer, cacête?

   O Marcelo cochichou

   - “Pra Claudette nada...”

   E o Alvinho sozinho no microfone, bem alto:

    - TUDO !!

  

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