terça-feira, 21 de agosto de 2012

Elvis e o contrabaixo


Na década de 60, os Beatles foram visitar Elvis Presley na sua casa em Los Angeles. Após um joguinho de bilhar Elvis requisitou alguns instrumentos musicais e uma jam session aconteceu. Elvis Presley & The Beatles! O Rei do rock ia escolhendo as músicas com um baixo elétrico nas mãos, iniciando com "I Feel Fine" em homenagem aos visitantes. Não havia bateria e Ringo fazia percussão num móvel.
    Elvis tocou umas notas no baixo e olhou para Paul McCartney:
    - Tá vendo? Estou praticando.
    - Fica frio! - Paul respondeu. - Brian (Epstein) e eu vamos transformar você num astro (risos).
    Elvis Presley, desde garoto, sempre teve fixação pelo contrabaixo elétrico, um instrumento ainda novidade para alguns. Talvez, inconscientemente, uma vez que Elvis era dotado de um incrível dom musical, ele já percebesse que o contrabaixo era o instrumento mais importante numa banda. Nos anos 50, no auge do estrelato, estava ficando impossível sonorizar o grande e desconfortável baixo acústico do seu contrabaixista Bill Black nos shows ao vivo. Elvis resolveu comprar um Fender Precision Bass para o colega e o vendedor da loja atendeu ao telefonema:
- K.O. Houck Piano Co. de Memphis, boa tarde. Em que posso ajudar?
O próprio Elvis estava no fone:
- Eu quero adquirir um daqueles baixos portáteis. Você sabe né? Um elétrico”.
E o instrumento foi entregue na mansão Graceland.
Além de moderno e quase no formato e tamanho de uma guitarra, o baixo elétrico ocuparia bem menos espaço que o incômodo rabecão e resolveria o problema de som nos palcos. Mas Bill Black preferiu utilizar os dois baixos, tanto nos palcos como nos estúdios. O elétrico ainda era estranho para ele.
    Sempre houve descrédito na musicalidade do contrabaixista Bill Black. Muitos eram de opinião que seu irmão Johnny Black, que tocava com Johnny Burnette, era bem melhor. Mas a presença de palco de Bill compensava. Ao contrário do introvertido guitarrista Scotty Moore, o contrabaixista dançava, cantava, gritava, sentava no grande instrumento como se estivesse cavalgando, o que muito contribuiu para a desenvoltura de Elvis Presley no início de sua carreira. Quantas não foram às vezes, no início de tudo, em que Bill Black se via na obrigação de animar o show quando a figura e trejeitos inusitados de Elvis não eram aceitos por algumas platéias. A técnica de slap de Bill no baixo acústico, sua pegada enfim, é lendária (muitos ainda hoje tentam imitá-lo), além do seu senso de humor que divertia a todos nas viagens e gravações.
    Sam Phillips, o descobridor de Elvis, afirmou:
    - “Bill Black era tecnicamente um dos piores baixistas do mundo. Mas homem, como ele batia (slaping) naquelas cordas!”
    O Coronel, o empresário, por seu lado, certa vez ordenou para que o contrabaixista não fosse tão aparecido no palco:
    - Menos, Bill, menos. O artista é Elvis!
    Bill Black já se aborrecera antes com o Coronel, quando o empresário repetia piadas menosprezando contrabaixistas:
    - Sabe qual é a diferença entre um contrabaixo e um caixão? No caixão o defunto fica do lado de dentro! Ah Ah Ah Ah!
    - Sabe quantos contrabaixistas são necessários para trocar uma lâmpada? Nenhum. Porque o pianista pode fazê-lo com sua mão esquerda (que faz a linha grave no piano)! Ah Ah Ah Ah!
    Anedotas à parte, quando ouvimos atentamente a gravação original de Jailhouse Rock (“Prisioneiro do Rock”), percebe-se no final da música que o contrabaixo dá um break, preparando novamente para a primeira parte, enquanto os outros músicos e Elvis vão corretamente para o final, em fade out. Daí êle, o baixo, se corrige pegando o fio da meada. Comentou-se também que na gravação do rock Baby I Don’t Care, Bill Black não conseguia se acertar com o baixo elétrico. Não se acostumara com um instrumento pequeno. Para complicar, embora em qualquer música o contrabaixo seja quase sempre o componente mais importante, o Fenderbass tinha um papel vital em Baby I Don’t Care.
- Nervoso, Bill joga o baixo no chão e sai do estúdio. Elvis Presley então pega o Fender e ele mesmo grava a música. (!?).
     Pelo menos é o que contam.


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