sexta-feira, 24 de junho de 2011

Bons Tempos !!

1956 - Elvis fazendo um teste de câmera em Hollywood

Rua Siqueira Campos Ano 1962

Maurício,Soares,Luiz "Deputado" Monteiro, Mário Aparício, agachados...Sidney e Milton "Pão Doce" Poltronieri

domingo, 19 de junho de 2011

E assim começou "OS LUNÁTICOS

Uma homenagem ao histórico grupo instrumental The Ventures que, em 1960 gravaram uma versão de "Blue Moon" com suas guitarras Fender, entusiasmando toda uma geração a formar grupos musicais.

Vaya con Dios - Floyd Cramer ao piano

.Junto com Buddy Harman na bateria, Hank Garland na guitarra, Bob Moore no baixo e Boots Randolph no sax, o lendário pianista participou da melhor banda que já acompanhou Elvis Presley. Foi um curto período (1960-61), mas traduziu-se na melhor fase artística do Rei do Rock. Aqui temos Floyd fazendo uma espécie de despedida da Depressão dos anos 30 para o florescente anos 40.

sábado, 18 de junho de 2011

BOOGIE WOOGIE !!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

OS  LUNÁTICOS  (  1964   -   1967 )
                                             (Um Conjunto do Outro Mundo)

                                                       Câmara Municipal da Cidade de São Paulo. 01 de Março de 2007. Acomodada nas confortáveis poltronas do Salão Nobre, a multidão se surpreende agradavelmente quando o foco das atenções da noite, o benemérito cidadão paulistano agraciado com a Medalha Anchieta, mais o Diploma de Gratidão de SP, senta-se numa bateria junto com seus antigos colegas de um conjunto musical de há 40 anos. O quarteto passa a tocar sucessos instrumentais daquela época: “Sleepwalk”, “Apache”, “The Rise & Fall of Fingle Bunt”, “Misirlou” e “Pipeline”, títulos e sonoridade que soam nostálgicos ou mesmo desconhecidos aos ouvidos de hoje, mas que arrancam efusivos e sinceros aplausos da platéia.
Cidadão Paulistano... Tony Nogueira.
Conjunto musical... Os Lunáticos (com Mindão, Tuca e Maurício).

                                                                Dentre os inúmeros grupos brasileiros de música instrumental que floresceram na primeira metade dos anos 1960, OS LUNÁTICOS destacou-se efetivamente na formação básica - guitarra solo, guitarra base, baixo e bateria - típica dos ingleses The Shadows e dos norte-americanos The Ventures, cujas gravações inspiravam a garotada do mundo inteiro a arriscar uma carreira musical. Embora nunca tivesse disco próprio editado, o grupo OS LUNÁTICOS causou enorme repercussão em bailes, na TV e em shows ao vivo, graças à musicalidade e ao carisma demonstrado em seus programas radiofônicos e no background de artistas famosos.

 São Paulo – 1962
    Os garotos Carlos Eduardo Aun (Tuca) e Maurício Camargo Brito, amigos no bairro da Liberdade, apenas não combinavam no esporte. O são-paulino Tuca jogava basquete no Tenis Clube da Aclimação e o corintiano Maurício corria nos disputados jogos de futebol de campo na velha várzea do Glicério. Mas juntos se entusiasmavam ouvindo dois discos, no hoje superado sistema 78 rpm, dos Ventures - “Blue Moon” e “Lucille”, e os recém-editados álbuns de vinil (Lps) dos grupos instrumentais brasileiros The Jet Blacks e The Jordans. No Brasil já se salientavam conjuntos trazendo o “The” antes do nome: The Clevers, The Rebels, The Bells que infundiam os garotos aspirantes a músicos a tentar tocar seus sucessos “Stick Shift”, “Blue Star”, “El Relicário”, “Amapola” e outros.
Maurício já havia estudado piano clássico, mas adorava dedilhar temas populares no violão, embora não apreciasse tocar uma nota por vez, e sim acompanhar com acordes cheios alguém que cantarolasse ou tocasse também algum instrumento. Tuca, por seu lado, já se mostrava um dedicado solista de violão, procurando executar fielmente qualquer música que gostasse. Após meses de exaustivos “ensaios”, os dois se encheram de coragem para tocar na frente das garotas e amigos. No ano seguinte, aprendendo a executar algumas faixas dos Lps dos Ventures disponíveis no mercado nacional, a dupla já alegrava seus colegas do Colégio Paulistano na Rua Taguá (hoje FMU) e perceberam que já era hora de estarem com guitarras elétricas ao invés dos surrados violões.
Maurício relembra:
- “O Tuca se mudou para a Vila Mariana e embora não fossemos mais vizinhos, continuávamos colegas no mesmo Colégio Paulistano e sonhando com guitarras elétricas. Ele queria se livrar de uma geringonça que ele mesmo inventou - um pedaço de madeira, em forma de “L”, encaixado na base das cordas do seu velho violão, numa tentativa de funcionar como a alavanca (tremolo) das famosas guitarras Fender que ilustravam as capas dos discos dos Ventures. Adquirir uma guitarra elétrica naquela época, mesmo as nacionais, era algo completamente diferente dos dias de hoje . Os preços eram demasiadamente altos, sem falar no contrabaixo, amplificadores  e bateria. Atualmente a garotada tem inúmeras revendedoras e modelos à disposição, além dos preços módicos”.
Os pais puseram as mãos nos bolsos. Maurício foi o primeiro a ganhar uma guitarra Del Vecchio preta e branca (com a tal alavanca) e um modesto amplificador Alex, vindos diretamente da velha fábrica de instrumentos da rua Aurora. Nos primeiros dias de 1964, Tuca também já estava com uma Gianinni Sonic vermelha e um “amplizinho” Ipame, adquiridos nas Lojas Isnard da Rua 24 de Maio. Nada de importações.
- “O segundo passo seria montarmos um conjunto”. Tuca recorda com saudade. - “E convidei dois amigos do Tenis Clube, o violonista Paulinho Cotrin e o baterista Esmar. Escolhemos até o nome do quarteto: The Intruders, em homenagem a uma faixa do Lp dos Ventures”.
Após minguados ensaios nas dependências do clube, os Intruders fizeram seu primeiro “show” - 26.01.64 - festa de aniversário do saudoso Paulo Marengo, um amigo e incentivador que deixara o bairro da Liberdade para residir na Av. do Estado, no Ipiranga. Uma data inesquecível, ainda mais porque se encontravam por lá alguns bailarinos do famoso grupo Lancaster da TV.
Maurício comenta o fato:
- “O mundo dá muitas voltas. Na época eu nunca poderia imaginar que a Cláudia, uma das bailarinas do grupo Lancaster, fosse se casar com o Aladdin, líder dos famosos The Jordans, e que ele próprio, quatro décadas depois, viesse pessoalmente me convidar para participar dos shows e gravações do seu histórico conjunto”.
Mas logo os Intruders perdiam o violonista Paulinho Cotrin, que se incompatibilizara com o esquema justamente porque os rapazes necessitavam mesmo era de um contrabaixista.
    Maurício e Tuca animaram-se nos feriados do Carnaval de 1964 quando atraíram uma verdadeira multidão para ouvi-los tocar o rock instrumental num salão de festas de um condomínio na praia de Santos-SP. Na ocasião foram acompanhados na bateria pelo hoje advogado Dr. Sergio Soares. Sergio em seguida viria a tocar com The Thunders.
    De volta à capital, os ensaios de Maurício, Tuca e Esmar continuavam na garagem do Tuca, um sobrado na Rua Heliotropos, Mirandópolis, na Vila Mariana, causando grande afluência de amigos e bicões querendo uma vaga de baixista no “conjunto”, além das reclamações da vizinhança por causa do barulho. Foi quando surgiu um garoto bem nutrido dizendo que era contrabaixista. O robusto personagem, apelidado Mindão, nem possuía um contrabaixo e “se virava” numa velha guitarra Gianinni com apenas 4 cordas grossas em uns abafadores de feltro, e outro valentel amplificardorzinho Ipame. Mindão veio munido com discos raros dos Shadows e dos String-A-Longs. Foi logo aceito. Enriqueceu o repertório e o quarteto passou a chamar-se The Mooners (em homenagem ao vocal feminino dos VenturesThe Moonstones) agora com uma formação definida: Tuca (guitarra solo), Mauricio (guitarra base), Mindão (baixo) e Esmar (bateria).
    Os quatro congestionaram a Rua Tamandaré na Aclimação numa quente noite de sábado, em Março de 1964.
    - “Era um daqueles bailinhos em casa de família, outro aniversário de uma amiga”. Maurício conta - “Lembro que ela se chamava Delma, e até da primeira música que tocamos- “Venus”, um sucesso do cantor Frank Avalon no arranjo instrumental dos Ventures. A rua ficou tomada de gente porque o som saía pela janela. Naqueles dias, música ao vivo em bailinho doméstico era uma tremenda novidade”.
    A turma do Colégio Paulistano continuava “cercando” a dupla Maurício e Tuca nos intervalos das aulas. Eles eram os “heróis” da escola. Maurício era chamado de “Zé Ventures”. Mas era também os dias da bossa-nova e da música italiana, e havia outro estudante por lá que tinha uma reluzente guitarra Sonic/Gianninni azul e um moderno e  “potente” amplificador. João Lali era seu nome e os estudantes adoravam ouvi-lo tocar “Garota de Ipanema” etc. Não demorou muito para o sujeito fazer parte dos Mooners. Afinal o Mindão adquirira um contra-baixo Del Vecchio e o novato João Lali não negaria emprestar seu amplificador, mesmo que pudesse estourar os alto-falantes. Além do mais, o cara sabia tocar a bossa-nova, iria providenciar mais eventos para os Mooners e sua família residia numa moderna e grande casa no bairro do Aeroporto, com ótimas dependências para os ensaios nas tardes de sábado.
E assim foi feito. Um mês depois, com os contatos do João Lali, e com o Tuca exibindo, orgulhoso, uma caixa de reverberação ligada ao amplificador para incrementar seus solos, os cinco “mooners” abafavam na festa do austero Colégio Feminino BVM no bairro do Brooklin. Na semana seguinte, além da guitarra, Maurício sentava ao piano para as bossa-nova e temas como “Last Night” e a novidade “Let’s Go” de Floyd Cramer, e o quinteto animou vigorosamente um baile no Clube Escandinavo. Em seguida já estavam dividindo as honras com o ótimo e badalado conjunto de baile Arpege, na Cidade Universitária. E não paravam por aí, em Maio estavam em um Clube de Campo em São Bernardo e em outra noite de sábado, com Dinho ( já falecido), um amigo baterista em substituição ao Esmar, tocavam no aniversário de uma debutante na refinada Maison Suisse.
    Os rapazes dos Mooners estavam na exuberância da adolescência. Mantinham ótima aparência, estudantes exemplares, típicos “príncipes encantados” das meninas. Além de já serem considerados um “acontecimento” entre a juventude da zona sul da capital paulista, eles viam suas precisas e fiéis interpretações surpreenderem até os adultos. Foi assim que surgiu a idéia para tocar nos antigos saguões dos Diários Associados na Rua 7 de Abril, bem no centro de São Paulo, em Junho de 1964, dois meses após a revolução que abalou o país. O clima nacionalista persistia e o assunto principal era o movimento “Ouro para o Bem do Brasil” onde os patriotas depositavam suas alianças, anéis etc. para os cofres públicos e, em troca, saíam com um anelzinho de ferro no dedo. Tudo isso sob os olhares atentos das câmeras da televisão, uma providencial vitrine para artistas, já consagrados ou não, exporem seu talento. E lá foram os Mooners para uma excelente interpretação de “In the Mood” associada ao agradável visual de “garotos respeitáveis”, chamando de imediato a atenção dos grandes da televisão, notadamente do apresentador Julio Rosemberg, que comandava dois programas musicais, um na TV Cultura que operava no mesmo Edifício Assis Chateaubriand da Rua 7 de Abril, e outro mais famoso na TV Tupi, Canal 4, transmitido nas manhãs de domingo diretamente do seu auditório na esquina da rua da Consolação com a avenida Paulista (hoje Cine Belas-Artes). Os Mooners foram contratados para ambos os programas e permaneceram ininterruptamente por cinco meses no auditório da TV Tupi, levando exclusivamente temas instrumentais para os telespectadores. Naquele tempo os cantores ainda não utilizavam play-backs pré-gravados para simplesmente dublarem suas gravações, e foi assim que os nomes que surgiam nessa era pré-Jovem Guarda, como Roberto Carlos, Jerry Adriani, Ed Wilson, Wanderley Cardoso, os saudosos Wilson Miranda e Tommy Staden (depois Terry Winter), e outros tantos, disputavam horários nos ensaios para serem acompanhados ao vivo pelos recém-chegados garotos “boa-pinta”. Afinal os cantores sabiam que os Mooners caprichavam no “back” como se estivessem tocando suas próprias músicas.
    O prenúncio de dias agitados talvez tenha feito com que o baterista Esmar entendesse deixar o grupo, sendo prontamente substituído pelo Dinho, embora os rapazes estivessem de olho em Sergio Nogueira.
    “- Prefiro tocar outras modalidades, não rock”, Sergio respondeu ao convite dos Mooners. “Mas posso até quebrar o galho, vou revezando com seu baterista e acho que meu irmãozinho Toni se encaixa melhor no perfil de vocês.”
    E o louro Toni Nogueira já foi tocando em uma das manhãs no programa de Júlio Rosemberg.
    Tuca relembra:
    - “Nesse intervalo tivemos mais bateristas, como um tal Niltão e um outro, Reginato. Entretanto, o Sergio Nogueira foi um dos melhores que já havíamos tocado, e só não permaneceu no time porque era mais velho e tinha seu grupo de jazz e bossa-nova, avêsso ao rock. O mais interessante foi que nesses dias sentimos a falta de um verdadeiro amplificador de contrabaixo. E era caríssimo na época. Até então o Mindão estava acabando com o ‘amp’ do Lali. Tivemos a idéia de promovermos um bailinho na mansão do Lali e com a renda daríamos uma entrada em $$ nas Lojas Isnard. E foi assim que tivemos nosso som incrivelmente melhorado quando chegou o novo ‘amp’ “Super Sonic” da Giannini. Quem pedia o ‘amp’ do Lali emprestado agora era eu, embora não tenha demorado muito para meu pai e o do Maurício bancarem os nossos “Super Sonic” também.”
    O alegre Toni efetivou-se na bateria, os ensaios agora seriam na sua magnífica residência na curva da Rua Iramaia, no outrora tranquilo Jardim Paulistano, em frente a um parque florestal, o que é hoje o Shopping Iguatemi. E as apresentações do quinteto nos clubes da cidade e na televisão ficaram cada vez mais incrementadas com o novo equipamento.
    O popular apresentador Ademar Dutra, com sua grande audiência nas noites de sábado na TV Excelsior, o antigo canal 9, tendo os famosos The Rebels como grupo fixo, recebeu os afinados Mooners no início de Novembro de 1964, para tocarem “Beyond the Reef” ao lado de uma sensual coreografia de bailarinas havaianas, causando um furor no auditório da Rua Nestor Pestana (hoje o incendiado Teatro Cultura Artística). Na semana seguinte, como não poderia deixar de acontecer, o convite e show na TV Paulista (hoje TV Globo), o canal 5 na Rua das Palmeiras na Sta. Cecília.
Tuca continua relembrando:
- “O Toni, de tradicional família paulistana, tinha uma caríssima e maravilhosa coleção de malhas de lã que ele detestava vestir. Emprestava para nós e nos apresentávamos na última moda, enquanto ele próprio se enfiava numa velha e amarrotada. Ele preferia assim.
    Um marco na carreira dos Mooners foi que nesse final de 1964 iniciaram um duradouro relacionamento para apresentações ininterruptas nas tardes de sábado no Clube Transatlântico, cuja sede (hoje demolida) era um verdadeiro castelo da Rua 13 de Maio quase esquina com a Brigº Luis Antonio, e nas noites de domingo nos clubes Pinheiros e Banespa.
    Em Março de 1965 os Mooners receberam um convite que viria influir decisivamente na sua história. A toda poderosa Rádio Tupi tinha nas suas tardes de quarta e sexta, o “Esquema Novo”, um programa para a juventude comandado por Atílio Riccó (depois um renomado diretor de novelas) e a ainda não atriz Débora Duarte, com música ao vivo de The Lions, outro ótimo grupo instrumental. Atílio Riccó vislumbrou os Mooners na televisão – os rapazes já estavam em vários programas da Tupi - e correu para trazê-los na rádio.
- “Foi um honroso e irrecusável convite, mas o Lali não quis aceitar”, relembra o baixista Mindão. Embora eu também tenha relutado um pouco - trabalhava de dia no escritório do meu irmão mais velho e estudava à noite.  Acabei topando e fomos os quatro para o rádio, Tuca, Maurício, Toni e eu”.
Tarde de 18 de Março de 1965. Estúdios da Rádio Tupi no bairro do Sumaré. Débora Duarte apelidando o baterista Toni de Mosquito Elétrico. Os Mooners tocando “Chatanooga Choo Choo” ao vivo, e os ouvidos atentos do radialista Hélio Ribeiro e do então diretor musical da emissora, maestro Erlon Chaves (já falecidos), captando o carisma e a inesperada e agradável musicalidade dos rapazes.
    Hélio Ribeiro manifestou-se no ar:
    - “Estou deveras impressionado com esses meninos. Quero sugerir aqui no microfone para que nacionalizem, que traduzam seu nome. Daqui por diante, por que não OS LUNÁTICOS ?”.
    Quem iria contrariar a opinião de figura tão ilustre da mídia? No programa seguinte lá estavam OS LUNÁTICOS tocando “Trevo de Quatro Folhas”, “Granada” e outros instrumentais. Os rapazes foram contratados. E João Lali deixou definitivamente o grupo. Nas semanas seguintes o programa passava a ser transmitido também diretamente das quadras esportivas de colégios, reunindo grandes nomes da música jovem como Rosemary, Adilson Ramos, Vanderléia, Dick Danello, Erasmo Carlos, os irmãos Albert e Meire Pavão (já falecida). Quem fazendo todo o acompanhamento ao vivo? OS LUNÁTICOS!
    - “Vivíamos cercados de amigos”, Toni costuma relembrar sob risadas. “Havia um cara da turma do Maurício lá da Liberdade, que só sabíamos seu apelido, ‘ Índio’. Mais nada. O sujeito era um loirão boa pinta e estava sempre improvisando rocks do Cliff Richard. Quando a Débora Duarte o viu zanzando em um desses shows, passou a perguntar insistentemente quem era a bonitão. Sem muita prática, na época, achamos que ela estaria desaprovando a presença de um bicão nos bastidores e respondemos ser apenas um ajudante para carregar os pesados amplificadores e que gostava de cantar. Na realidade nossa chefa havia se impressionado com os dotes físicos do cara e, em pleno show, entre um número do Erasmo Carlos e do Dick Danello, anunciou em alto e bom som no microfone, ‘E agora com vocês, a mais nova sensação do momento, Indian Joe’ (!?). Ficamos ali parados sem saber o que fazer, enquanto o Índio surgia sob uma tremenda ovação da platéia predominantemente feminina. Apesar de nada ensaiado, sua apresentação foi impecável.”
    Em Maio de 1965, o Ypê, outro requintado clube da zona sul, acertava com os LUNÁTICOS para uma temporada. Munidos com recém-lançados amplificadores da fábrica Phelpa, outro grande marco no conjunto acontecia nesta época: convidados para dois dos mais badalados e disputados programas da TV Tupi no horário nobre.
     Mindão relembra:
    - “Em um deles, acho que era o ‘Spotlight’, a produção determinou que tocássemos o ‘Trevo de Quatro Folhas’ deitados no chão ou sobre sofás. Foi muito engraçado. Mas no ‘Mobile’, dirigido pelo enérgico diretor Fernando Faro, os técnicos utilizaram o efeito caleidoscópio nas câmeras. Uma novidade na época. Inclusive tivemos a oportunidade de se apresentar ao lado de Wilson Simonal e César Camargo Mariano. Simonal era o nome do momento e insistiu bastante para que o acompanhássemos em ‘Trouble’, um rock do seu ídolo Elvis Presley”.
    O sucesso dos garotos foi também para fora de São Paulo. O programa radiofônico do Atílio e Débora saía em caravana para outras cidades, carregando artistas das novelas líderes de audiência da televisão. Os LUNÁTICOS tornaram-se a maior atração na F.A.C.I.L., a grandiosa Feira Anual em Limeira, uma espécie de Festa do Peão de Barretos de hoje, além de shows nos palcos de cinemas no interior de Minas Gerais, cidades alcançadas pelos poderosos transmissores da TV Tupi.
    O cantor Albert Pavão, na época o “Elvis Brasileiro”, e um dos destaques da programação, relembra:
    - “Cantávamos em palcos dos cinemas. Estávamos nos preparando nos camarins do cinema de Varginha-MG, quando um camarada adentrou e já foi perguntando quem era o ‘chefe da troupe’. Não sei por que, mas me indignei e respondi que ali não havia nenhum índio para existir um chefe. O cara era uma autoridade local, a confusão se estabeleceu com polícia e coisas mais. O Atílio conseguiu contornar a situação”.
    Os Lunáticos adentravam nos antigos estúdios da gravadora Chantecler em Julho de 1965 para gravar duas versões de Elvis Presley com Albert– “Mulher de Cabeça Dura” (Hard Headed Woman) e “A Garota do Meu Melhor Amigo” (The Girl of My Best Friend), mas dois meses depois os enérgicos pais do Toni obrigavam-no a desistir da música como profissão, para se dedicar mais aos estudos. O sardento baterista foi imediatamente substituído por Luciano, antigo músico dos Jockers, ótimo grupo de Santo Amaro que também tocava no Banespa.
    Tuca relembra:
    - “Sentimos demais a saída do Toni. Justamente quando estávamos estreando instrumentos novos, como as réplicas perfeitas da incrível guitarra Fender Jaguar. A vivacidade e relacionamento do alegre batera dificilmente seriam esquecidos. O Luciano era ótimo, mas  estávamos de namoro com um tal Adias, baterista dos Hits e dos Fenders, que por sua vez também  torcia para tocar conosco. O cara era bom demais. Os contatos foram mantidos em um tremendo show de grupos de rock instrumental que aconteceu no auditório do jornal Folha da Manhã, na Barão de Limeira, com o Toni ainda na bateria. O Adias juntou-se a nós em Outubro de 1965.”
    Realmente o novo baterista Romualdo Calcagnetta, o Adias, chegou para desenvolver ainda mais a musicalidade do quarteto. Seus solos em “Granada” tornaram-se número obrigatório em quaisquer apresentações, e ele ainda era um sósia de Mel Taylor, o baterista dos Ventures.
    O grupo deixou a TV Tupi, mas em Janeiro de 1966, enfiados em trajes a rigor para tocar o clássico “Sabre Dance”, receberam o troféu MELHOR GRUPO INSTRUMENTAL, oferecido pela Revista do Rock no popular programa da Bibi Ferreira na TV Excelsior. Em seguida correram a Chantecler para mais gravações com Albert e depois a RGE com sua irmã Meire Pavão, ocasião em que foi gravada “Família Buscapé”, um tremendo sucesso de vendas.
    A Jovem Guarda e grupos tipo beatles imperaram de vez naquele novo ano. E os LUNÁTICOS, com um repertório estritamente instrumental, viram-se na obrigação de apresentar alguns vocais, principalmente nos bailes em clubes de outras cidades. Convidaram o Walter Collucci, também do bairro da Liberdade, para cantar sucessos nacionais, e o Carlos Alberto Custódio, guitarrista apresentado pelo Mindão, e ótimo intérprete dos Beatles. A entrada dos novos integrantes levou a badalada revista Intervalo a publicar uma página inteira com os novos LUNÁTICOS, matéria seguida com um show dos rapazes no templo da música, o Urso Branco da Avenida Sto.Amaro.
    O baterista Adias contou:
    - “Aparecer na Intervalo e tocar naquela mega-casa de espetáculos era tudo que um músico almejava. Foi um sucesso. E olhem que tivemos de disputar os aplausos com os ótimos Versáteis, efetivos da casa, o conjunto cover da célebre Tijuana Brass. Eles tinham o trumpetista Ronaldo Lark que vinha se destacando na mídia como o ‘Herb Alpert brasileiro’”.
    Uma vez contratados pela TV Excelsior, OS LUNÁTICOS apresentavam-se semanalmente no auditório da Rua Nestor Pestana, mas apenas como o original quarteto instrumental, até que, após tocarem no luxuoso reveillon (1966 / 67) do Clube Transatlântico, o baixista Mindão resolvia parar de vez.
    Maurício lembra aqueles dias:
    - “Eu já vinha pressentindo o fim do conjunto nos últimos dias de 1966. E não era apenas pela saída do “velho” Mindão, amigo de tantas jornadas e estórias. Inclusive foi imediatamente substituído pelo, ainda um garoto, Liminha, um dos maiores músicos e produtores que o Brasil já teve. A realidade era que percebíamos a dificuldade em manter o estilo instrumental dali pra frente. E eu gostava de tocar assim. Além disso, eu fora aprovado no vestibular de Odontologia e iria ficar todo o ano de 1967 fora da capital, fato que desencorajou a continuidade do grupo. Não demorou muito e o Adias iniciou um “romance” com os Versáteis e o Tuca carregou o Liminha para  os Baobás, outro grupo de rock que estourava acompanhando Ronnie Von e um baiano que começava a despontar, Caetano Veloso.”
    E foi o que aconteceu. OS LUNÁTICOS continuou se apresentando unicamente nos finais de semana, quando Maurício vinha à capital. Inclusive até aconteceu um fato que não se levou tanto em conta na época, mas muito bem lembrado por um antigo cameraman da TV Bandeirantes:
    - “O programa ‘Se Essa Rua Fosse Minha’, apresentado pelo imortal Vicente Leporace, enfocou na tarde do sábado, 25 de Maio de 1967, a conhecida Rua São Joaquim no bairro da Liberdade, com seus moradores e personagens pitorescos. A produção criou um quadro no qual os Lunáticos tocaram ‘The Rise and Fall of Fingle Bunt’ (que depois veio a ser tema da rádio Difusora e da Rede Globo) sobre o telhado de um velho sobrado, provocando uma formidável agitação na esquina com a rua Taguá, congestionando o trânsito, etc. Só dois anos após que os Beatles tiveram essa original idéia com ‘Let It Be’!”.
    Em 23 de Setembro de 1967, na cidade de Conchal, interior de São Paulo, no mesmo clube onde há dois anos vinham enlouquecendo a juventude local, e com o Toni de volta na bateria apenas para esta noite especial, os LUNÁTICOS tocavam pela última vez antes de quase 40 anos.
Encerrava-se mais um capítulo na História do Rock Instrumental no Brasil.

                                                            OS LUNÁTICOS deixaram muitas lembranças. Foi um perfeito grupo instrumental e de back-ground. Segundo experts e colecionadores, existem muitas gravações suas espalhadas por aí, uma vez que participaram de inúmeras sessões não oficiais.
    Hoje, o Tuca, ou melhor, o Dr.Carlos Eduardo Aun, renomado cirurgião dentista, mantem seu luxuoso consultório nos Jardins em São Paulo, e leciona em várias faculdades, além de continuar tocando com grupos de rock.
    Arnolpho Lima Filho, o Liminha, esteve com os Mutantes, Gilberto Gil e, além de reconhecido mundialmente como um dos mais competentes produtores fonográficos, trabalhando com Ray Charles e outros grandes nomes, chegou a Vice-Presidência da Sony do Brasil. Atualmente divide residência entre o Rio de Janeiro e Los Angeles.
    Antonio Armindo Ferreira de Castro, o Mindão, é um tranquilo e bem sucedido micro-empresário no litoral sul de SP.
    Toni Nogueira circula pelo mundo filmando cenas para documentários da DGT Filmes de São Paulo, da qual é o Diretor Presidente. Continua na bateria com seu trio de jazz, e é detentor da Medalha Anchieta como “Cidadão de São Paulo”. Na solenidade de entrega conseguiu reunir os antigos LUNÁTICOS para tocarem ao vivo no Salão Nobre da Câmara Municipal.
    Maurício Camargo Brito trocou definitivamente a Odontologia pela música. Escreveu o best-sellerElvis. Mito & Realidade”, tocou no American Graffiti , na Blues Band Five e é o pianista Morris Britt dos CDs O Boogie do Milênio, Cry Piano e Or Day Will Come. Dedica-se às palestras sobre as origens do blues, jazz e rock numa Jazz Band. Continua gravando e tocando com vários intérpretes de Elvis Presley e com os Jordans. Deixou sua marca como guitarrista do Lp/Cd The Jet Black’s Remember the Shadows & the Ventures, um grande campeão de vendas.
    Carlos Alberto Custódio está em uma multinacional na capital e Walter Collucci reside em Mogi Guaçú, interior de SP.
    Romualdo Calcagnetta, o Adias, faleceu no início de 2005.


segunda-feira, 13 de junho de 2011

Um favorito Mean Woman Blues - Perkins & Jerry "Lee"

Músicos

Se você atentar no meio da página 30 da última edição do “Elvis.Mito & Realidade” verá que a maioria das pessoas pensa que era o próprio Elvis Presley quem executava os magníficos solos de violão e ou piano, uma vez que ele vinha apoiado por mestres desses instrumentos, mas que muitas vezes ficavam escondidos, às escuras ou sem muita badalação.
    Os músicos acompanhantes geralmente são deixados de lado. Eu sempre fui um desses, dando do melhor nas notas para esse ou aquele cantor, cantora, ou outro solista, posição que muito me orgulho. Mas há quem, por carência de informação ou distração, não está nem aí para o músico.
Nunca deixe de valorizar o instrumentista atrás do cantor. Apesar de o holofote não estar dirigido a ele, o violonista, tecladista, pianista, vocal de apoio, baixo, bateria, a orquestra enfim, todos sustentam verdadeiramente o show, muitas vezes cobrindo erros e falhas daquele que você julga ser o único que leva o espetáculo. Sabemos que o ser humano carrega uma herança genética de animais primitivos: as galinhas entusiasmadas com o másculo canto do galo anunciando a alvorada ou a pavoa hipnotizada pelo orgulhoso pavão exibindo sua cauda extravagante, digna de um Clovis Bornay no Copacabana Palace nos folguedos de Momo. Mas acredite nas minhas palavras porque, embora eu não necessite de elogios ou outros bla-bla-blas, pois estou há anos sobre palcos no apoio aos gorgeadores, sempre existirão jovens músicos que merecerão o tanto quanto o grande artista que segura o microfone.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Rep. Tcheca 2008 Clip baseado na faixa "Beat Me Daddy, Eight to the Bar" do meu CD O Boogie (bug) do Milênio, disco editado na Áustria 8 anos antes.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Esta foto é dedicada ao pessoal do bairro da Liberdade, em especial da rua Taguá e dr. Siqueira Campos, que se reúne nas noites de quinta-feira para relembrar os bons tempos dos anos 60. Deve ter sido tirada entre 1966 e 67 na esquina da Taguá com a rua São Joaquim. Da esq. p/dir. Claudinei ( por onde anda?), Márcio Chalet, Borba (já falecido) e Morris Britt

terça-feira, 7 de junho de 2011

Após ter visto o show de Elvis Presley, por aqui passei a ouvir a eterna indagação difícil de responder:

    - “Maurício, o que você sentiu ao ver Elvis ao vivo?”.

    Acho que o que escrevi no livro pode responder à pergunta, embora tenhamos que se levar em conta que tudo aconteceu na década de 1970, quando uma viagem para um país que então estava anos de tecnologia à nossa frente por si só já era um sonho. Sem contar o exorbitante depósito compulsório que pagávamos ao nosso implacável governo para se viajar ao exterior. Naqueles anos dourados de finesse ainda não desviávamos de gente dormindo no chão de aeroportos lotados, verdadeiras rodoviárias, não se subia num avião de chinelo e bermuda, ouvindo não sei o que em fones de ouvido, com uma mochila cheia nas costas, ocupando espaço e parecendo mais um quasímodo, para depois, já a bordo de uma deconfortável aeronave, bater de frente com turistas equilibrando berimbaus e aceitar uma barra de cereais light como refeição. Ainda não éramos transportados como gado. E ao desembarcarmos, a bagagem estava imediatamente à disposição para não ficarmos esperando como idiotas em frente à esteiras, tendo como única paisagem uma fila interminável de mulheres constrangidas tentando utilizar o único e contaminado sanitário feminino. Existia sim, naqueles anos, o glamour, a classe, o cardápio irrecusável e a elegância das viagens aéreas de longo curso. E depois, quando se chegava à terra encantada com disneylandias etc, o cérebro já congestionado era assaltado por informações e novidades que por aqui só chegariam muito tempo depois.   O outro sonho realizado, o de estar hoje tocando rock com ótimos intérpretes e covers, prova que Shakespeare não estava sendo metafórico quando Próspero disse: “Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos”.

Após várias experiências ao lado dos músicos de Elvis Presley e seguindo o êxito dos seus discos anteriores, o pianista Maurício Camargo Brito, conhecido na Europa como Morris Britt, apresenta sua trilogia em CDs com a participação de artistas convidados!

Sucessos especialmente selecionados para piano, voz e orquestra.

Produções originais sob licença da Marvel com a mais recente tecnologia fonográfica.

Indispensável aos apreciadores de música! Não se encontram nas lojas!





CD 1

“O Boogie do Milênio”



 Delicado*      I’ll Touch a Star*     Let’s Go      Easy Street*   Cow Cow Boogie*   In”C”Dental Boogie    Whispering    Jealousie*  Indian Love Call*   Till You Came Back Again*   O Vôo da Abelha*

Beat Me Daddy Eight to the Bar    Riders in the Sky   What’d I Say   Blues on Mogi River e Boogie Woogie

*títulos originais





CD 2


Cry Piano


   

Cry       Laura Lee      Smoke Rings        Honky Tonk ( partes I e II )  Love Is All      Cidade Vazia      

Try A Little Tenderness   Stardust     Don’t Put No Headstone on My Grave      Dah Dah Bop        

 My Echo, My Shadow & Me     Tributo a Earl Grant (Eu era Feliz e Sabia)  Summertime      Volare    

Chão de Estrelas e Steamroller Blues.



 


CD 3


“OUR DAY WILL COME”




Our Day Will Come       My Babe Left Me      Wichita Lineman        Rip it up        Everybody’s Everything       

One-Sided Love Affair    Dream A Little Dream    Rhythm, Rapha & Blues    What a Difference a Day Made   

Lawdy, Miss Clawdy     Green Grass       Starbright      Point of No Return       Love Me, Please Love Me 

Choo Choo Ch’Boogie       How Great Thou Art       Trocando em Miúdos   e   Bar da Noite